O Museu do Índio, em parceria com a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) no Brasil, realiza, a partir do dia 9 de agosto, no Espaço Museu das Aldeias/Museu do Índio, em Botafogo, a exposição "Ashaninka - O Poder da Beleza". A quarta edição do Programa Índio no Museu é dedicada aos Ashaninka, povo que habita a região de fronteira entre o Brasil e o Peru no estado do Acre.
A mostra "Ashaninka, O Poder da Beleza" revela, a partir de mitos, fotos e objetos de uso ritual e cotidiano, os dois grandes eixos a partir dos quais gira a cosmovisão do povo Ashaninka: a procura pela imortalidade e a fragilidade do amor.
Além da exposição, nos dias 9 e 10 de agosto, sábado e domingo, sempre às 16 horas, o público terá a oportunidade de conversar com os próprios Ashaninka, que estarão no Museu do Índio para falar sobre suas tradições e seu modo de vida nas aldeias.
A exposição
Tomar banho e fazer uma pintura facial ao acordar são rituais obrigatórios para um Ashaninka. Toda essa preocupação com a estética, fortemente presente na vida cotidiana das aldeias, está representada em fotos. As imagens mostram a potencialidade da arte corporal Ashaninka e a preparação de seus corpos para guerrear e seduzir.
Chapéus, carimbos e desenhos também estão na mostra, além de adornos corporais e roupas, como o Kitarentse - túnica longa que comunica corpo e cosmos - e os Txoxiki - grandes colares feitos com sementes. Cada linha desenhada, tatuada ou tecida é conectada aos mitos e à vida social Ashaninka.
Nos espaços expositivos do Museu do Índio, em Botafogo, o visitante encontra, em mostras etnográfica e fotográfica, toda a riqueza da arte corporal e do poder da beleza que se manifesta no universo da etnia. Ao percorrer as exposições, o público compreende o significado da arte no modo de vida desse povo. A parceria direta com os índios é uma das prioridades dessa iniciativa, que tem como objetivo a documentação e a divulgação da cultura material indígena. A curadoria é assinada pelos pesquisadores Peter Beysen e Sonja Ferson.
Os Ashaninka
Os Ashaninka ocupam, hoje, uma região de fronteira entre o Brasil e o Peru. Somam aproximadamente 70 mil pessoas, sendo a maioria habitante de aldeias em território peruano. No Brasil, as aldeias se localizam nas proximidades dos Rios Envira, Amônia e Riozinho, no Acre. Pertencem à família linguística Aruak (ou Arawak) e são o principal componente do conjunto dos Aruak sub-andinos, junto com os Matsiguenga, Nomatsiguenga e Yanesha (ou Amuesha). Apesar de existirem diferenças dialetais, os Ashaninka apresentam uma grande homogeneidade cultural e linguística.
A parceria FUNAI/Museu do Índio e UNESCO
A preocupação com a ameaça à extraordinária diversidade linguística e cultural existente no Brasil, especialmente na Amazônia− o que exigia um esforço imediato e coletivo para sua preservação− levou a UNESCO e a FUNAI/Museu do Índio, em 2008, a estabelecerem uma parceria para o desenvolvimento do Projeto de Documentação de Línguas e Culturas Indígenas Brasileiras.
O projeto de cooperação técnica internacional entre a UNESCO e a FUNAI/ Museu do Índio, com encerramento previsto para junho de 2015, vem promovendo a documentação de línguas e culturas ameaçadas de 20 povos indígenas, bem como a preservação de acervos individuais existentes, ampliando as possibilidades de sua salvaguarda e consolidando esta nova área de conhecimento no Brasil. Também vem formando novas gerações de pesquisadores especialistas em documentação – precondições essenciais para a preservação da diversidade.
Entre os resultados alcançados pelo projeto destaca-se que, de dezembro de 2008 a junho de 2014, foram realizadas mais de 300 oficinas e atividades de documentação − sendo 212 desenvolvidas nas aldeias e 96 nas instalações do Museu do Índio −, com familiarização, treinamento e capacitação em métodos e técnicas de documentação de 40 pesquisadores não indígenas e 200 pesquisadores indígenas. Os trabalhos também tiveram a participação de outros 180 colaboradores das comunidades.
O Dia Internacional dos Povos Indígenas
A UNESCO celebra mundialmente, em 9 de agosto, o Dia Internacional dos Povos Indígenas, como forma de promover os direitos das populações indígenas, bem como promover o reconhecimento da sua contribuição à cultura e ao desenvolvimento sustentável. Em mensagem por ocasião do Dia em 2014, a diretora-geral da UNESCO, Irina Bokova, lembra que a data é uma oportunidade para que todos se mobilizem para acabar com as desigualdades que ainda existem na realização efetiva dos direitos dos povos indígenas. “Esta questão é fundamental hoje e no futuro, com vistas à configuração da agenda para o desenvolvimento pós-2015”, afirma Bokova.
Fonte: http://www.unesco.org/new/pt/brasilia/about-this-office/single-view/news/ashaninka_exhibition_celebrates_the_international_day_of_the_worlds_indigenous_peoples/#.U-b83vldVUV
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